12.2.07

'paz podre'

Entre aspas porque te roubei o nome.
Paz podre porque não vejo, não ouço, não sinto. Porque estou longe de corpo e de cabeça, com este meu dom tremendo de fechar as comportas e tornar-me estanque.
Paz podre porque posso ajudar e não quero, porque tenho raiva e maus pensamentos e enfureço-me contra os desígnios do mundo quando não seguem o rumo que eu lhes sonhei.
Paz podre que inveja, que rebenta entranhas, que me faz ter insónias, desinquieta-me e incomoda-me.
Paz podre... podre é tudo aquilo que a paz não devia ser, mas bem cá no fundo, continuo a interrogar-me se não é simplesmente mais fácil fechar os olhos e continuar assim: putrefactamente em paz.