10.11.05

à lupa

A Rosa do Mundo é maior do que uma Bíblia em ponto grande.
Ocupa-me um espaço enorme na segunda prateleira da estante, e entre nuvens desfocadas deixa-me todos os dias um recado: 2001 poemas para o futuro. Não os li todos. Gosto de a abrir (sim, porque este é um livro no feminino!) ao acaso e de vez em quando, e surpreender-me com palavras de outrem. Uma excepção apenas: Ramos Rosa. O marcador azul escuro está na mesma página desde o primeiro desfolhar.

...
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.

Depois de anos a lutar comigo mesma e com os epítetos de pseudo-queridez que tantas vezes me camuflam e reduzem a pouco mais que um sorriso e a uns olhos piscantes, fui desarmada. Disseram-me esta semana que andava numa fase particularmente doce e eu, finalmente, percebi.
Pode alguém ser quem não é?

2 comentários:

clarisca disse...

o nosso problema é que ainda não falamos o suficiente e, sobretudo, dizermos muito menos do que pensamos...

joana disse...

a minha rosa do mundo ocupa um lugar semelhante na minha segunda prateleira e também é aberta ao acaso, para surpreender, sempre.