uma história simples
Dizem os sábios, os músicos e os estudiosos das coisas invisíveis, que quando um elefante entra numa loja de porcelanas, os estragos são irreparáveis.
Depois do susto de ver semelhante bicho a invadir território privado começa o chinfrim: aqui d'el rei que me partem a loiça toda! Escaqueiram-me o estaminé e eu nem seguro tenho!
Passado o espanto inicial, choram-se as perdas, inventariam-se os danos e apanham-se os cacos. Há peças que vale a pena salvar, que nos deixam de nariz colado ao chão à procura do último pedacinho em falta, mas a grande maioria segue directamente para o caixote do lixo, porque apesar dos pesares, estava na loja há tanto tempo e nunca alguém a tinha olhado duas vezes.
Com a casa ainda em rebuliço, tapam-se as janelas com grandes lençóis brancos, e na porta de entrada (já com uma fechadura nova) pendura-se o letreiro: 'Fechado para obras de remodelação'
De fora ninguém percebe bem a azáfama que por lá vai: varre daqui, esfrega dali, encera o soalho, sacode as teias de aranha, e se deixássemos entrar mais luz cá dentro? Humm... uma planta não ficava aqui mal...
Os 'da casa' ajudam nas pinturas, dão sugestões, trazem chá quente e velas perfumadas.
Passado algum tempo, dentro daquelas paredes respira-se vida. Da loja de porcelanas já ninguém se lembra.
3 comentários:
será que é por seres tão grande que chorei a ler o que escreveste?
por vezes, fechado para balanço, devia ser fechado para baloiço..para devagarinho aprendermos como as crianças perdem o medo das alturas e da velocidade, e como é bom voltar a nós na simplicidade e ingenuidade, que não é mais que a pura verdade das coisas!
BOM CAMINHO!
A prova de que vale a pena recomeçar...
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