21.9.05

equinócio

Último dia de Verão, o fim anunciado da silly season, das cores, dos corpos, dos risos altos.
Penso e repenso na conversa desta manhã, na clareza com que me disseste que às vezes, quase que por defeito do nosso percurso, vivemos mais numa cultura da insatisfação do que da exigência.
Será? Não sei o que mais me amedronta: concordar e perceber que o contentamento não tem que ser necessariamente algo de negativo, ou fincar o pé e continuar à deriva…
Mudo outra vez de pele, porque quero, porque preciso, porque na minha fragilidade sinto o reconforto dos gestos insignificantes com que me dou ao mundo.
E estou cansada. Não sei exactamente de quê, mas incomoda-me esta sensação permanente de dolência. Hoje é o último dia, gostava de dizer. É mesmo o último. Sem promessas de mudança, propósitos ou juras. Só o último dos que passaram, para que amanhã possa acordar no primeiro de todos os outros.

2 comentários:

clarisca disse...

Acho que se calhar não fui assim tão clara... o facto de abandonarmos a cultura de insatisfação não é sinónimo de abraçar o contentamento (palavra horrível) e muito menos de abandonar a exigência. Como sempre, os espaços de fronteira são os mais perigosos...

joana disse...

Também não o entendi dessa forma e não acredito que o caminho seja optar. Assusta-me, porém, que contentamento seja hoje mais sinónimo de comodismo do que de alegria, como deveria ser, como eu gostaria que fosse.