11.10.05

truques

Meto a chave à porta e abro devagarinho, a tempo de sentir as duas voltas e perceber que a casa está vazia.
Sabe-me bem entrar, respirar fundo, deixar o casaco aqui, atirar os sapatos para debaixo da cama e colar-me à janela, luzes apagadas, a ouvir a chuva mansa lá fora. De vez em quando acerto o meu tom à torrente do céu. Deixo-me escorregar até o frio do mármore me arrepiar as pernas nuas e espero, meia escondida, meia acordada, que o recorte da tua mão me venha afagar os cabelos.
Nos dias em que o som dos teus passos é mais rápido que o beijo prometido sinto o peso das horas na nossa vida: quanto tempo temos ainda que gastar antes de nos encontrarmos?

1 comentário:

A Refinaria disse...

Ai rapariga, falas-me ao coração. Gosto! Percebo, e gosto!