19.1.05

Lau

Reconheço-te na fotografia da salinha da entrada, no sorriso rasgado a preto e branco das tranças que usavas. Sempre foi a imagem mais bonita que tive de ti e onde fixava os olhos quando ia com os avós à Avenida. Recordo o cheiro daquela casa, os recantos imensos, as fotografias a crescerem à medida que os casamentos aumentavam e nasciam mais sobrinhos. Recordo a solidão mariana do abdicar e a tua solidão brilhante de fada perdida, sem terra nem rumo.
Hoje, agradeço-te o carinho com que sempre me trataste e a doçura que a insanidade nunca apagou.
Sinto que finalmente vais ter oportunidade de ser feliz.

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