Quando
Quando eu for grande vou ter asas.
Vou fazer coisas de que gosto, vou viajar pelo mundo fora, vou sentir-me eternamente enamorada, vou sonhar todos os dias coisas impossíveis que acabarei por concretizar.
Quando eu for assim muito crescida, vou deixar o mau feitio do lado esquerdo da cama, todos os dias ao acordar. Vou arrumar o comodismo na caixa de sapatos forrada a papel xadrez. Deito para o cesto dos papéis a eterna insegurança e ponho o medo a arejar no estendal grande da varanda, com, pelo menos, três molas da roupa a segurar.
Quando eu for grande e for de noite e eu não me esquecer de ir lá fora espreitar as estrelas, tenho a certeza de que vou poder abrir a janela e voar.
1 comentário:
que texto bonito! gostei! e é um eu que também me serve! só que eu só punha uma mola da roupa, e muito velhinha, muito enferrujada e com a molita já quase a saltar, sem força nenhuma (havia de ser num dia de muito vento, como hoje aqui).
Um dia.
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