24.10.05

post mortem

Naquela noite deitou-se com um sorriso.
Passou as mãos pelos cabelos, muito devagar. Rodou o pescoço no gesto que lhe é tão típico e sentou-se à beirinha da cama.
Não foi capaz de ler embora soubesse que o sono ia tardar e bebeu um golo de água antes de apagar a luz.
Espreguiçou-se e esticou-se ao comprido para sentir a maciez dos lençóis e aperceber-se da tensão dos seus músculos.
Fechou os olhos e a frase veio-lhe novamente à memória:
'O dia de amanhã é irrepetível.'
Adormeceu a sorrir por ter finalmente percebido uma coisa tão simples.
Morreu em paz.

2 comentários:

ana disse...

agora escreve isso num papelinho e ata ao pulso...para te lembrares com a mesma certeza, ainda que sem a mesma esperança.. beijos mil

Joana disse...

Quem escreve assim, não é gago.

É tão bom "ler-te".